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RESVERATROL E MICROGLIA: NOVAS FRONTEIRAS NO CONTROLE DA NEUROINFLAMAÇÃO

A ativação crônica da microglia está associada ao avanço de doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. O resveratrol, conhecido por suas propriedades neuroprotetoras, demonstrou, em modelo experimental, um efeito inovador ao regular receptores-decooy IL-1R2 e ACKR2, além de reduzir mediadores inflamatórios clássicos como TNF-α, IL-1β, óxido nítrico e prostaglandinas. Esses achados sugerem um papel promissor do composto na resolução da neuroinflamação persistente.

A importância da microglia no sistema nervoso

Em condições normais, a microglia atua como “zeladora” do cérebro, removendo detritos e monitorando alterações no microambiente. No entanto, quando exposta continuamente a agentes inflamatórios como o LPS, ela adota um perfil pró-inflamatório, sustentando a produção de substâncias que agridem neurônios e favorecem a progressão de doenças do sistema nervoso central.

Ação do resveratrol: além do efeito antioxidante

O estudo analisado utilizou células microgliais ativadas por LPS durante 72 horas, simulando inflamação prolongada. Os principais achados incluem:

  • Redução da produção de óxido nítrico e expressão de iNOS
  • Queda nos níveis de TNF-α e IL-1β
  • Inibição da via inflamatória NF-κB
  • Supressão da cascata AA–COX–PGE₂, responsável por dor, edema e danos neuronais

Além desses efeitos esperados, o resveratrol demonstrou capacidade de restaurar a expressão dos receptores-decooy IL-1R2 e ACKR2, moléculas que atuam como “freios” naturais da inflamação ao neutralizarem citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias.

Relevância farmacêutica e aplicações clínicas

A combinação de efeitos anti-inflamatórios e de resolução da inflamação posiciona o resveratrol como um candidato relevante no suporte a condições como:

  • Declínio cognitivo e envelhecimento cerebral
  • Doenças neurodegenerativas com base inflamatória
  • Sequelas inflamatórias pós-infecção
  • Transtornos relacionados à disfunção mitocondrial e estresse oxidativo

Conclusão

Este estudo amplia o entendimento sobre os mecanismos do resveratrol na neuroinflamação, mostrando que ele atua não apenas suprimindo vias inflamatórias, mas também restaurando sistemas naturais de controle imunológico. A modulação da microglia por vias como IL-1R2 e ACKR2 pode abrir novas estratégias farmacêuticas para o manejo de doenças crônicas do sistema nervoso central.